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O Livro dos Espíritos

por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires

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VI – Sacrifícios

669. A prática dos sacrifícios humanos remonta à mais alta Antiguidade.  Como foi o homem levado a crer que semelhantes coisas pudessem agradar a Deus?

— Primeiro, porque não compreendia Deus como sendo a fonte da bondade. Entre os povos primitivos, a matéria sobrepõe-se ao Espírito; eles se entregam aos instintos animais e por isso são geralmente cruéis, pois o senso moral ainda não se encontra desenvolvido. Depois, os homens primitivos deviam crer naturalmente que uma criatura animada teria muito mais valor aos olhos de Deus que um corpo material. Foi isso que os levou a imolar primeiramente animais e mais tarde criaturas humanas, pois, segundo sua falsa crença, pensavam que o valor do sacrifício estava em relação com a importância da vítima. Na vida material, como geralmente a levais, se ofereceis um presente a alguém, escolheis sempre o de um valor tanto maior, quanto mais amizade e consideração quereis testemunhar à pessoa. O mesmo deviam fazer os homens ignorantes, com relação a Deus.

669 -a) Assim, os sacrifícios de animais teriam precedido os humanos?

— Não há duvida quanto a isso.

669 – b) Segundo essa explicação, os sacrifícios humanos não se originaram de um sentimento de crueldade?

— Não, mas de uma falsa concepção do que seria agradável a Deus. Vede Abraão. Com o tempo, os homens passaram a cometer abusos, imolando os inimigos, até mesmo os inimigos pessoais. De resto, Deus jamais exigiu sacrifícios, nem de animais, nem de homens. Ele não pode ser honrado com a destruição inútil de sua própria criatura.

670. Poderiam os sacrifícios humanos, realizados com intenções piedosas, ter algumas vezes agradado a Deus?

— Não, jamais; mas Deus julga a intenção. Os homens, sendo ignorantes, podiam crer que faziam um ato louvável ao imolar um de seus semelhantes. Nesse caso, Deus atentaria para o pensamento e não para o fato. Os homens, ao se melhorarem, deviam reconhecer o erro e reprovar esses sacrifícios, que não mais seriam admissíveis para espíritos esclarecidos; eu digo esclarecidos porque os Espíritos estavam então envolvidos pelo véu material. Mas pelo livre-arbítrio poderiam ter uma percepção de sua origem e sua finalidade. Muitos já compreendiam por intuição o mal que faziam, e só o praticavam para satisfazer suas paixões.

671. Que devemos pensar das chamadas guerras santas? O sentimento que leva os povos fanáticos a exterminar o mais possível os que não partilham de suas crenças, com o fim de agradar a Deus, não teria a mesma origem dos que antigamente provocavam os sacrifícios humanos?

— Esses povos são impulsionados pelos maus Espíritos. Fazendo a guerra aos seus semelhantes, vão contra Deus, que manda o homem amar ao próximo como a si mesmo. Todas as religiões, ou antes, todos os povos adoram um mesmo Deus, quer sob este ou aquele nome. Como promover uma guerra de exterminação, porque a religião de um outro é diferente ou não atingiu ainda o progresso religioso dos povos esclarecidos? Os povos são escusáveis por não crerem na palavra daquele que estava animado pelo Espírito de Deus e fora enviado por ele, sobretudo quando não o viram e não testemunharam os seus atos; e como quereis que eles creiam nessa palavra de paz quando os procurais de espada em punho? Eles devem esclarecer-se e devemos procurar fazê-los conhecer a sua doutrina pela persuasão e a doçura, e não pela força e o sangue. A maioria de vós não acreditais nas nossas comunicações com certos mortais; por que quereis então que os estranhos acreditem nas vossas palavras, quando os vossos atos desmentem a doutrina que pregais?

672. A oferenda dos frutos da terra teria mais mérito aos olhos de Deus que o sacrifício dos animais?

— Já vos respondi ao dizer que Deus julgaria a intenção, e que o fato em si teria pouca importância para ele. Seria evidentemente mais agradável a Deus a oferenda de frutos da terra que a de sangue das vítimas. Como vos dissemos e repetimos sempre, a prece dita do fundo do coração é cem vezes mais agradável a Deus que todas as oferendas que lhe pudésseis fazer. Repito que a intenção é tudo e o fato, nada.

673. Não haveria um meio de tornar essas oferendas mais agradáveis a Deus, consagrando-as ao amparo dos que não têm sequer o necessário? E, nesse caso, o sacrifício dos animais, realizado com uma finalidade útil, não seria mais meritório que o sacrifício abusivo que não servia para nada ou não aproveitava senão aos de que nada precisavam? Não haveria algo de realmente piedoso em se consagrar aos pobres as primícias dos bens da terra que Deus nos concede?

— Deus abençoa sempre os que praticam o bem; amparar os pobres e os aflitos é o melhor meio de homenageá-lo. Já vos disse, por isso mesmo, que Deus desaprova as cerimônias que fazeis para as vossas preces, pois há muito dinheiro que poderia ser empregado mais utilmente. O homem que se prende à exterioridade e não ao coração é um espírito de vista estreita; julgai se Deus deve importar-se mais com a forma do que o fundo.

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        • I – Seres Orgânicos e Inorgânicos
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      • Cap. 9 – INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPÓREO
        • I – Penetração No Nosso Pensamento Pelos Espíritos
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        • XIII – Benção e Maldição
      • Cap. 10 – OCUPAÇÕES E MISSÕES DOS ESPÍRITOS
        • I – Ocupações e Missões dos Espíritos
      • Cap. 11 – OS TRÊS REINOS
        • I – Os Minerais e as Plantas
        • II – Os Animais e o Homem
        • III – Metempsicose
    • Livro III
      • Cap. 1 – A LEI DIVINA OU NATURAL
        • I – Caracteres da Lei Natural
        • II – Conhecimento da Lei Natural
        • III – O Bem e o Mal
        • IV – Divisão da Lei Natural
      • Cap. 2 – LEI DE ADORAÇÃO
        • I – Finalidade da Adoração
        • II – Adoração Exterior
        • III – Vida Contemplativa
        • IV – Da Prece
        • V – Politeísmo
        • VI – Sacrifícios
      • Cap. 3 – LEI DO TRABALHO
        • I – Necessidade do Trabalho
        • II – Limite do Trabalho – Repouso
      • Cap. 4 – LEI DA REPRODUÇÃO
        • I – População do Globo
        • II – Sucessão e Aperfeiçoamento das Raças
        • III – Obstáculos à Reprodução
        • IV – Casamento e Celibato
        • V – Poligamia
      • Cap. 5 – LEI DE CONSERVAÇÃO
        • I – Instinto de Conservação
        • II – Meios de Conservação
        • III – Gozo dos Bens da Terra
        • IV – Necessário e Supérfluo
        • V – Privações Voluntárias – Mortificações
      • Cap. 6 – LEI DE DESTRUIÇÃO
        • I – Destruição Necessária e Destruição Abusiva
        • II – Flagelos Destruidores
        • III – Guerras
        • IV – Assassínio
        • V – Crueldade
        • VI – Duelo
        • VII – Pena de Morte
      • Cap. 7 – LEI DE SOCIEDADE
        • I – Necessidade da Vida Social
        • II – Vida de Isolamento – Voto de Silêncio
        • III – Laços de Família
      • Cap. 8 – LEI DO PROGRESSO
        • I – Estado Natural
        • II – Marcha do Progresso
        • III – Povos Degenerados
        • IV – Civilização
        • V – Progresso da Legislação Humana
        • VI – Influência do Espiritismo no Progresso
      • Cap. 9 – LEI DE IGUALDADE
        • I – Igualdade Natural
        • II – Desigualdade de Aptidões
        • III – Desigualdades Sociais
        • IV – Desigualdades das Riquezas
        • V – Provas da Riqueza e da Miséria
        • VI – Igualdade de Direitos do Homem e da Mulher
        • VII – Igualdade Perante o Túmulo
      • Cap. 10 – LEI DE LIBERDADE
        • I – Liberdade Natural
        • II – Escravidão
        • III – Liberdade de Pensamento
        • IV – Liberdade de Consciência
        • V – Livre Arbítrio
        • VI – Fatalidade
        • VII – Conhecimento do Futuro
        • VIII – Resumo Teórico do Móvel das Ações Humanas
      • Cap. 11 – LEI DE JUSTIÇA, AMOR E CARIDADE
        • I – Justiça e Direito Natural
        • II – Direito de Propriedade – Roubo
        • III – Caridade e Amor ao Próximo
        • IV – Amor Maternal e Filial
      • Cap. 12 – PERFEIÇÃO MORAL
        • I – As Virtudes e os Vícios
        • II – Das Paixões
        • III – Do Egoísmo
        • IV – Caracteres do Homem de Bem
        • V – Conhecimento de Si Mesmo
    • Livro IV
      • Cap. I – PENAS E GOZOS TERRENOS
        • I – Felicidade e Infelicidade Relativas
        • II – Perda de Entes Queridos
        • III – Decepções, Ingratidão, Quebra de Afeições
        • IV – Uniões Antipáticas
        • V – Preocupação com a Morte
        • VI – Desgosto Pela Vida – Suicídio
      • Cap. II – PENAS E GOZOS FUTUROS
        • I – O Nada – A Vida Futura
        • II – Intuição das Penas e dos Gozos Futuros
        • III – Intervenção de Deus nas Penas e Recompensas
        • IV – Natureza das Penas e Gozos Futuros
        • V – Penas Temporais
        • VI – Expiação e Arrependimento
        • VII – Duração das Penas Futuras
        • VIII – Ressurreição da Carne
        • IX – Paraíso, Inferno, Purgatório, Paraíso Perdido
    • Conclusão

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