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O Livro dos Espíritos

por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires

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III – Materialismo

 147. Por que os anatomistas, os fisiologistas e, em geral, os que se aprofundam nas Ciências Naturais são freqüentemente levados ao materialismo?

 — O fisiologista refere tudo ao que vê. Orgulho dos homens, que tudo crêem saber, não admitindo que alguma coisa possa ultrapassar o seu entendimento. Sua própria ciência os torna presunçosos. Pensam que a Natureza nada lhes pode ocultar.

 148. Não é estranho que o materialismo seja uma conseqüência de estudos que deveriam, ao contrário, mostrar ao homem a superioridade da inteligência que governa o mundo? Deve-se concluir que esses estudos são perigosos?

 — Não é verdade que o materialismo seja uma conseqüência desses estudos. E o homem que deles tira uma falsa conseqüência, pois ele pode

abusar de tudo, mesmo das melhores coisas. O nada, aliás, os apavora mais do que eles se permitem aparentar, e os espíritos fortes são quase sempre mais fanfarrões do que valentes. A maior parte deles são materialistas porque não dispõem de nada para preencher o vazio. Diante desse abismo que se abre ante eles, mostrai-lhes uma tábua de salvação, e a ela se agarrarão ansiosamente.

Comentário de Kardec: Por uma aberração da inteligência, há pessoas que não vêem nos seres orgânicos nada mais que a ação da matéria, e a esta atribuem todos os nossos atos. Não vêem no corpo humano senão a máquina elétrica; não estudaram o mecanismo da vida senão no funcionamento dos órgãos; viram-na extinguir-se muitas vezes pela ruptura de um fio, e nada mais perceberam além desse fio; procuraram descobrir o que restava, e como não encontraram mais do que a matéria inerte, não viram a alma escapar-se e nem puderam pegá-la, concluíram que tudo estava nas propriedades da matéria, e que. portanto, após a morte, o pensamento se reduz ao nada. Triste conseqüência, se assim fosse, porque então o bem e o mal não teriam sentido; o homem estaria certo ao não pensar senão em si mesmo e ao colocar acima de tudo a satisfação dos prazeres materiais; os laços sociais estariam rompidos e os mais santos afetos destruídos para sempre. Felizmente, essas idéias estão longe de ser generalizadas; pode-se mesmo dizer que estão muito circunscritas, não constituindo mais do que opiniões individuais, porque em parte alguma foram erigidas em doutrina. Uma sociedade fundada sobre essa base traria em si mesma os germes da dissolução, e os membros se despedaçariam entre si, como animais ferozes.

 O homem tem instintivamente a convicção de que tudo não se acaba para ele com a vida; tem horror ao nada; é em vão que se obstina contra a idéia da vida futura, e quando chega o momento supremo, são poucos os que não perguntam o que deles vai ser, porque a idéia de deixar a vida para sempre tem qualquer coisa de pungente. Quem poderia, com efeito, encarar com indiferença uma separação absoluta e eterna de tudo o que ama? Quem poderia ver, sem terror, abrir-se à sua frente o imenso abismo do nada, pronto a tragar para sempre todas as nossas faculdades, todas as nossas esperanças, e ao mesmo tempo dizer: — Qual! Depois de mim, nada, nada, nada mais que o nada; tudo se apagará da memória dos que sobreviverem a mim; dentro em breve nenhum traço haverá de minha passagem pela terra; o bem mesmo que eu fiz será esquecido pêlos ingratos a quem servi; e nada para compensar tudo isso, nenhuma perspectiva, a não ser a do meu corpo devorado pelos vermes!

 Este quadro não tem qualquer coisa de horroroso e de glacial? A religião nos ensina que não pode ser assim, e a razão o confirma. Mas uma existência futura, vaga e indefinida, nada tem que satisfaça o nosso amor do positivo. E é isso que, para muitos, engendra a dúvida. Está certo que tenhamos uma alma; mas o que é a nossa alma? Tem ela uma forma, alguma aparência? É um ser limitado ou indefinido? Dizem alguns que é um sopro de Deus; outros, que é uma centelha; outros, uma  parte do Grande Todo, o princípio da vida e da inteligência. Mas o que é que tudo isso nos oferece? Que nos importa ter uma alma, se depois da morte ela se confunde com a imensidade, como as gotas d’água no oceano? A perda da nossa individualidade não é para nós o mesmo que o nada? Diz-se ainda que ela é imaterial. Mas uma coisa imaterial não pode ter proporções definidas, e para nós equivale ao nada. A religião nos ensina também que seremos felizes ou desgraçados, segundo o bem ou o mal que tenhamos feito. Mas qual é esse bem que nos espera no seio de Deus? E uma beatitude uma contemplação eterna, sem outra ocupação que a de cantar louvores ao Criador? As chamas do inferno são uma realidade ou apenas um símbolo? A própria Igreja as compreende nesse último sentido; mas. então, que sofrimentos são esses? Onde se encontra o lugar de suplício? Em uma palavra, o que se faz e o que se vê nesse mundo que nos espera a todos?

 Ninguém costuma-se dizer, voltou de lá para nos dar conta do que existe. Isto, porém é um erro e a missão do Espiritismo é precisamente a de nos esclarecer sobre esse futuro a de nos fazer, até certo ponto, vê-lo e tocá-lo, não mais pelo raciocínio, mas através dos fatos. Graças às comunicações espíritas, isto não e mais uma presunção uma probabilidade sobre a qual cada um pinta à vontade, que os poetas embelezam com suas ficções ou enfeitam de imagens alegóricas que nos seduzem. E a realidade que nos mostra a sua face, porque são os próprios seres de além-túmulo que nos vêm contar a sua situação, dizer-nos o que fazem, permitir-nos assistir, por assim dizer a todas as peripécias da sua nova vida, e, por esse meio, nos mostram a sorte inevitável que nos está reservada, segundo os nossos méritos ou os nossos delitos Há nisso alguma coisa de anti-religioso? Bem pelo contrário, pois os incrédulos aí encontram a fé e os tíbios, uma renovação do fervor e da confiança. O Espiritismo é o mais poderoso auxiliar da religião. E se assim acontece é porque Deus o permite, e o permite para reanimar as nossas esperanças vacilantes e nos conduzir ao caminho do bem, pelas perspectivas do futuro.

 

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    • Índice
    • Introdução
      • Sobre Esta Obra
      • Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita
        • I – Espiritismo e Espiritualismo
        • II – Alma, Princípio Vital e Fluido Vital
        • III – A Doutrina E Seus Contraditores
        • IV – Manifestações Inteligentes
        • V – Desenvolvimento da Psicografia
        • VI – Resumo da Doutrina dos Espíritos
        • VII – A Ciência e o Espiritismo
        • VIII – Perseverança e Seriedade
        • IX – Monopolizadores do Bom Senso
        • X – A Linguagem dos Espíritos e o Poder Diabólico
        • XI – Grandes e Pequenos
        • XII – Da Identificação dos Espíritos
        • XIII – As Divergências de Linguagem
        • XIV – As Questões de Ortografia
        • XV – A Loucura E Suas Causas
        • XVI – A Teoria Magnética E Do Meio Ambiente
        • XVII – Preenchendo Os Espaços Vazios
      • Prolegômenos
    • Livro I
      • Capítulo 1 – DEUS
        • I – Deus e O Infinito
        • II – Provas da Existência de Deus
        • III – Atributos da Divindade
        • IV – Panteísmo
      • Capítulo 2 – ELEMENTOS GERAIS DO UNIVERSO
        • I – Conhecimento do Princípio das Coisas
        • II – Espírito e Matéria
        • III – Propriedades da Matéria
        • IV – Espaço Universal
      • Capítulo 3 – CRIAÇÃO
        • I – Formação dos Mundos
        • II – Formação dos Seres Vivos
        • III – Povoamento da Terra – Adão
        • IV – Diversidade das Raças Humanas
        • V – Pluralidade dos Mundos
        • VI – Considerações e Concordâncias Bíblicas Referentes à Criação
      • Capítulo 4 – PRINCÍPIO VITAL
        • I – Seres Orgânicos e Inorgânicos
        • II – A Vida e a Morte
        • III – Inteligência e Instinto
    • Livro II
      • Cap. 1 – DOS ESPÍRITOS
        • I – Origem e Natureza dos Espíritos
        • II – Mundo Normal Primitivo
        • III – Forma e Ubiqüidade dos Espíritos
        • IV – Perispírito
        • V – Diferentes Ordens de Espíritos
        • VI – Escala Espírita
        • VII – Progressão dos Espíritos
        • VIII – Anjos e Demônios
      • Cap. 2 – ENCARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS
        • I – Finalidade da Encarnação
        • II – Da Alma
        • III – Materialismo
      • Cap. 3 – RETORNO DA VIDA CORPÓREA À VIDA ESPIRITUAL
        • I – A Alma Após A Morte
        • II – Separação da Alma e do Corpo
        • III – Perturbação Espírita
      • Cap. 4 – PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS
        • I – Da Reencarnação
        • II – Justiça da Reencarnação
        • III – Encarnação nos Diferentes Mundos
        • IV – Transmigração Progressiva
        • V – Sorte das Crianças Após a Morte
        • VI – Sexo nos Espíritos
        • VII – Parentesco e Filiação
        • VIII – Semelhanças Físicas e Morais
        • IX – Idéias Inatas
      • Cap. 5 – CONSIDERAÇÕES SOBRE A PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS
        • I – Considerações sobre a Pluralidade das Existências
      • Cap. 6 – VIDA ESPÍRITA
        • I – Espíritos Errantes
        • II – Mundos Transitórios
        • III – Percepções, Sensações e Sofrimentos dos Espíritos
        • IV – Ensaio Teórico Sobre A Sensação Nos Espíritos
        • V – Escolha ds Provas
        • VI – Relações de Além-Túmulo
        • VII – Relações Simpáticas e Antipáticas dos Espíritos – Metades Eternas
        • VIII – Lembranças da Existência Corpórea
        • IX – Comemorações dos Mortos – Funerais
      • Cap. 7 – RETORNO À VIDA CORPORAL
        • I – Prelúdio do Retorno
        • II – União da Alma com o Corpo
        • III – Faculdades Morais e Intelectuais
        • IV – Influência do Organismo
        • V – Idiotismo e Loucura
        • VI – Da Infância
        • VII – Simpatias e Antipatias Terrenas
        • VIII – Esquecimento do Passado
      • Cap. 8 – EMANCIPAÇÃO DA ALMA
        • I – O Sono E Os Sonhos
        • II – Visitas Espíritas Entre Vivos
        • III – Transmissão Oculta do Pensamento
        • IV – Letargia, Catalepsia, Morte Aparente
        • V – Sonambulismo
        • VI – Êxtase
        • VII – Dupla Vista
        • VIII – Resumo Teórico do Sonambulismo, do Êxtase e da Dupla Vista
      • Cap. 9 – INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPÓREO
        • I – Penetração No Nosso Pensamento Pelos Espíritos
        • II – Influência Oculta dos Espíritos Sobre os Nossos Pensamentos e as Nossas Ações
        • III – Possessos
        • IV – Convulsionários
        • V – Afeição dos Espíritos por Certas Pessoas
        • VI – Anjos da Guarda, Espíritos Protetores, Familiares ou Simpáticos
        • VII – Pressentimentos
        • VIII – Influência dos Espíritos sobre os Acontecimentos da Vida
        • IX – Ação dos Espíritos sobre os Fenômenos d Natureza
        • X – Os Espíritos Durante os Combates
        • XI – Dos Pactos
        • XII – Poder Oculto, Talismãs, Feiticeiros
        • XIII – Benção e Maldição
      • Cap. 10 – OCUPAÇÕES E MISSÕES DOS ESPÍRITOS
        • I – Ocupações e Missões dos Espíritos
      • Cap. 11 – OS TRÊS REINOS
        • I – Os Minerais e as Plantas
        • II – Os Animais e o Homem
        • III – Metempsicose
    • Livro III
      • Cap. 1 – A LEI DIVINA OU NATURAL
        • I – Caracteres da Lei Natural
        • II – Conhecimento da Lei Natural
        • III – O Bem e o Mal
        • IV – Divisão da Lei Natural
      • Cap. 2 – LEI DE ADORAÇÃO
        • I – Finalidade da Adoração
        • II – Adoração Exterior
        • III – Vida Contemplativa
        • IV – Da Prece
        • V – Politeísmo
        • VI – Sacrifícios
      • Cap. 3 – LEI DO TRABALHO
        • I – Necessidade do Trabalho
        • II – Limite do Trabalho – Repouso
      • Cap. 4 – LEI DA REPRODUÇÃO
        • I – População do Globo
        • II – Sucessão e Aperfeiçoamento ds Raças
        • III – Obstáculos à Reprodução
        • IV – Casamento e Celibato
        • V – Poligamia
      • Cap. 5 – LEI DE CONSERVAÇÃO
        • I – Instinto de Conservação
        • II – Meios de Conservação
        • III – Gozo dos Bens da Terra
        • IV – Necessário e Supérfluo
        • V – Privações Voluntárias – Mortificações
      • Cap. 6 – LEI DE DESTRUIÇÃO
        • I – Destruição Necessária e Destruição Abusiva
        • II – Flagelos Destruidores
        • III – Guerras
        • IV – Assassínio
        • V – Crueldade
        • VI – Duelo
        • VII – Pena de Morte
      • Cap. 7 – LEI DE SOCIEDADE
        • I – Necessidade da Vida Social
        • II – Vida de Isolamento – Voto de Silêncio
        • III – Laços de Família
      • Cap. 8 – LEI DO PROGRESSO
        • I – Estado Natural
        • II – Marcha do Progresso
        • III – Povos Degenerados
        • IV – Civilização
        • V – Progresso da Legislação Humana
        • VI – Influência do Espiritismo no Progresso
      • Cap. 9 – LEI DE IGUALDADE
        • I – Igualdade Natural
        • II – Desigualdade de Aptidões
        • III – Desigualdades Sociais
        • IV – Desigualdades das Riquezas
        • V – Provas da Riqueza e da Miséria
        • VI – Igualdade de Direitos do Homem e da Mulher
        • VII – Igualdade Perante o Túmulo
      • Cap. 10 – LEI DE LIBERDADE
        • I – Liberdade Natural
        • II – Escravidão
        • III – Liberdade de Pensamento
        • IV – Liberdade de Consciência
        • V – Livre Arbítrio
        • VI – Fatalidade
        • VII – Conhecimento do Futuro
        • VIII – Resumo Teórico do Móvel das Ações Humanas
      • Cap. 11 – LEI DE JUSTIÇA, AMOR E CARIDADE
        • I – Justiça e Direito Natural
        • II – Direito de Propriedade – Roubo
        • III – Caridade e Amor ao Próximo
        • IV – Amor Maternal e Filial
      • Cap. 12 – PERFEIÇÃO MORAL
        • I – As Virtudes e os Vícios
        • II – Das Paixões
        • III – Do Egoísmo
        • IV – Caracteres do Homem de Bem
        • V – Conhecimento de Si Mesmo
    • Livro IV
      • Cap. I – PENAS E GOZOS TERRENOS
        • I – Felicidade e Infelicidade Relativas
        • II – Perda de Entes Queridos
        • III – Decepções, Ingratidão, Quebra de Afeições
        • IV – Uniões Antipáticas
        • V – Preocupação com a Morte
        • VI – Desgosto Pela Vida – Suicídio
      • Cap. II – PENAS E GOZOS FUTUROS
        • I – O Nada – A Vida Futura
        • II – Intuição das Penas e dos Gozos Futuros
        • III – Intervenção de Deus nas Penas e Recompensas
        • IV – Natureza das Penas e Gozos Futuros
        • V – Penas Temporais
        • VI – Expiação e Arrependimento
        • VII – Duração das Penas Futuras
        • VIII – Ressurreição da Carne
        • IX – Paraíso, Inferno, Purgatório, Paraíso Perdido
    • Conclusão
  • Perguntas e Comentários

    Perguntas e comentários podem ser postados no site O Que Os Espíritos Dizem ou então a nossa página no Facebook: O Que Os Espíritos Dizem

  • O Que Os Espíritos Dizem

    • Para Download: Resumo do Livro dos Médiuns, Cap. 9
    • Para Download: Resumo do Livro dos Médiuns, Cap. 8
    • Receita Especial de Natal
    • Sobre a Chapecoense
    • Carma e Os Caminhos de Deus
    • Evangelho no Lar: Como e Porque Fazer
    • Para As Mães Que Ficam…
    • Para Download: Resumo do LIVRO DOS MÉDIUNS, cap. 7
    • Poema Para Meu Filho
    • Como Está O Meu Filho Que Morreu Em Um Acidente?
    • Saudades Do Meu Filho Que Partiu
    • Como Afastar Maus Espíritos?
    • GRUPOS VIRTUAIS DE DEBATE E ESTUDO SOBRE ESPIRITISMO
    • Pergunta dos Leitores: Identidade dos Espíritos
    • JUSTIÇA DIVINA: Por que Deus nos faz sofrer?
    • Deus Existe?
    • Mitos e Verdades Sobre a Incorporação
    • Sobre o Poder da Palavra
    • Em Defesa de Kardec
    • Sobre Céu e Inferno

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