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O Livro dos Espíritos

por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires

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XII – Da Identificação dos Espíritos

Um fato demonstrado pela observação e confirmado pêlos próprios Espíritos é que os Espíritos inferiores se apresentam muitas vezes com nomes conhecidos e respeitados. Quem pode, portanto, assegurar que os que dizem haver sido Sócrates, Júlio César, Carlos Magno, Fénelon, Napoleão, Washington etc. tenham realmente animado esses personagens? Essa dúvida existe entre alguns adeptos bastante fervorosos da Doutrina Espírita. Admitem a intervenção e a manifestação dos Espíritos, mas perguntam que controle podemos ter da sua identidade. Esse controle é de fato bastante difícil de realizar, mas, se não pode ser feito de maneira tão autêntica como por uma certidão de registro civil, pode sê-lo por presunção, através de certos indícios.

Quando se manifesta o Espírito de alguém que pessoalmente conhecemos, de um parente ou de um amigo, sobretudo se morreu há pouco tempo, acontece geralmente que sua linguagem corresponde com perfeição às características que conhecíamos. Isto já é um indício de identidade. Mas a dúvida já não será certamente possível quando esse Espírito fala de coisas particulares, lembra casos familiares que somente o interlocutor conhece. Um filho não se enganará, por certo, com a linguagem de seu pai ou de sua mãe, nem os pais com a linguagem do filho. Passam-se algumas vezes, nessas evocações íntimas, coisas impressionantes, capazes de convencer o mais incrédulo. O cético mais endurecido é muitas vezes aterrado com as revelações inesperadas que lhe são feitas.

Outra circunstância bastante característica favorece a identidade. Dissemos que a caligrafia do médium muda geralmente com o Espírito evocado, reproduzindo-se exatamente a mesma, de cada vez que o mesmo Espírito se manifesta. Constatou-se inúmeras vezes que, para pessoas mortas recentemente, a escrita revela semelhança flagrante com a que tinha em vida; têm-se visto assinaturas perfeitamente idênticas. Estamos longe, entretanto, de citar esse fato como uma regra, sobretudo como constante; mencionamo-lo como coisa digna de registro. Os Espíritos que atingiram certo grau de depuração são os únicos libertos de toda influência corporal; mas, quando estão completamente desmaterializados (esta é a expressão de que se servem), conservam a maior parte das idéias, dos pendores e até mesmo das manias que tinham na Terra e este é ainda um meio pelo qual podemos reconhecê-los. Mas chegamos ao reconhecimento, sobretudo, através de uma multidão de detalhes que somente uma observação atenta e contínua pode revelar. Vêem-se escritores discutirem suas próprias obras ou suas doutrinas, aprovando-lhes ou condenando-lhes certas partes; outros Espíritos lembrarem circunstâncias ignoradas ou pouco conhecidas de suas vidas ou suas mortes. Todas as coisas, enfim, que são pelo menos provas morais de identidade, as únicas que se podem invocar tratando- se de coisas abstraías.

Se, pois, a identidade do Espírito evocado pode ser, até certo ponto, estabelecida em alguns casos, não há razão para que ela não possa ser em outros. E se, para pessoas de morte mais remota, não temos os mesmos meios de controle, dispomos sempre daqueles que se referem à linguagem e ao caráter. Porque, seguramente, o espírito de um homem de bem nunca falará como o de um perverso ou imoral. Quanto aos Espíritos que se servem de nomes respeitáveis, logo se traem por sua linguagem e suas máximas. Aquele que se dissesse Fénelon, por exemplo, e ainda que acidentalmente ferisse o bom senso e a moral, mostraria nisso mesmo o seu embuste. Se, ao contrário, os pensamentos que exprimisse são sempre puros, sem contradições, constantemente à altura do caráter de Fénelon, não haverá motivo para duvidar- se de sua identidade. Do contrário, teríamos de supor que um Espírito que só prega o bem pode conscientemente empregar a mentira, sem nenhuma utilidade. A experiência nos ensina que os Espíritos do mesmo grau, do mesmo caráter e animados dos mesmos sentimentos, se reúnem em grupos e em famílias. Ora, o número dos Espíritos é incalculável e estamos longe de conhecê-los a todos; a maioria deles não têm nomes para nós. Um Espírito da categoria de Fénelon pode, portanto, vir em seu lugar, às vezes mesmo com seu nome, porque é idêntico a ele e pode substituí-lo e porque necessitamos de um nome para fixar as nossas idéias. Mas que importa, na verdade, que um Espírito seja realmente o de Fénelon? Desde que só diga boas coisas e não fale senão como faria o próprio Fénelon, é um bom Espírito; o nome sob o qual se apresenta é indiferente e nada mais é, freqüentemente, do que um meio para a fixação de nossas idéias. Não se verificaria o mesmo nas evocações íntimas; pois nestas, como já dissemos, a identidade pode ser estabelecida por meio de provas que são, de alguma forma, evidentes.

Por fim, é certo que a substituição dos Espíritos pode ocasionar uma porção de enganos, resultar em erros e, muitas vezes, em mistificações. Esta é uma das dificuldades do Espiritismo prático. Mas jamais dissemos que esta Ciência seja fácil nem que se possa aprendê-la brincando, como também não se dá com qualquer outra Ciência. Nunca será demais repetir que ela exige estudo constante e quase sempre bastante prolongado. Não se podendo provocar os fatos, é necessário esperar que eles se apresentem por si mesmos, e freqüentemente eles nos são trazidos pelas circunstâncias em que menos pensávamos. Para o observador atento e paciente, os fatos se tornam abundantes, porque ele descobre milhares de nuanças características que lhe parecem como raios de luz. O mesmo se dá com referência às ciências comuns; enquanto o homem superficial só vê numa flor a sua forma elegante, o sábio descobre verdadeiras maravilhas para o seu pensamento.

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    • Índice
    • Introdução
      • Sobre Esta Obra
      • Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita
        • I – Espiritismo e Espiritualismo
        • II – Alma, Princípio Vital e Fluido Vital
        • III – A Doutrina E Seus Contraditores
        • IV – Manifestações Inteligentes
        • V – Desenvolvimento da Psicografia
        • VI – Resumo da Doutrina dos Espíritos
        • VII – A Ciência e o Espiritismo
        • VIII – Perseverança e Seriedade
        • IX – Monopolizadores do Bom Senso
        • X – A Linguagem dos Espíritos e o Poder Diabólico
        • XI – Grandes e Pequenos
        • XII – Da Identificação dos Espíritos
        • XIII – As Divergências de Linguagem
        • XIV – As Questões de Ortografia
        • XV – A Loucura E Suas Causas
        • XVI – A Teoria Magnética E Do Meio Ambiente
        • XVII – Preenchendo Os Espaços Vazios
      • Prolegômenos
    • Livro I
      • Capítulo 1 – DEUS
        • I – Deus e O Infinito
        • II – Provas da Existência de Deus
        • III – Atributos da Divindade
        • IV – Panteísmo
      • Capítulo 2 – ELEMENTOS GERAIS DO UNIVERSO
        • I – Conhecimento do Princípio das Coisas
        • II – Espírito e Matéria
        • III – Propriedades da Matéria
        • IV – Espaço Universal
      • Capítulo 3 – CRIAÇÃO
        • I – Formação dos Mundos
        • II – Formação dos Seres Vivos
        • III – Povoamento da Terra – Adão
        • IV – Diversidade das Raças Humanas
        • V – Pluralidade dos Mundos
        • VI – Considerações e Concordâncias Bíblicas Referentes à Criação
      • Capítulo 4 – PRINCÍPIO VITAL
        • I – Seres Orgânicos e Inorgânicos
        • II – A Vida e a Morte
        • III – Inteligência e Instinto
    • Livro II
      • Cap. 1 – DOS ESPÍRITOS
        • I – Origem e Natureza dos Espíritos
        • II – Mundo Normal Primitivo
        • III – Forma e Ubiqüidade dos Espíritos
        • IV – Perispírito
        • V – Diferentes Ordens de Espíritos
        • VI – Escala Espírita
        • VII – Progressão dos Espíritos
        • VIII – Anjos e Demônios
      • Cap. 2 – ENCARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS
        • I – Finalidade da Encarnação
        • II – Da Alma
        • III – Materialismo
      • Cap. 3 – RETORNO DA VIDA CORPÓREA À VIDA ESPIRITUAL
        • I – A Alma Após A Morte
        • II – Separação da Alma e do Corpo
        • III – Perturbação Espírita
      • Cap. 4 – PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS
        • I – Da Reencarnação
        • II – Justiça da Reencarnação
        • III – Encarnação nos Diferentes Mundos
        • IV – Transmigração Progressiva
        • V – Sorte das Crianças Após a Morte
        • VI – Sexo nos Espíritos
        • VII – Parentesco e Filiação
        • VIII – Semelhanças Físicas e Morais
        • IX – Idéias Inatas
      • Cap. 5 – CONSIDERAÇÕES SOBRE A PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS
        • I – Considerações sobre a Pluralidade das Existências
      • Cap. 6 – VIDA ESPÍRITA
        • I – Espíritos Errantes
        • II – Mundos Transitórios
        • III – Percepções, Sensações e Sofrimentos dos Espíritos
        • IV – Ensaio Teórico Sobre A Sensação Nos Espíritos
        • V – Escolha ds Provas
        • VI – Relações de Além-Túmulo
        • VII – Relações Simpáticas e Antipáticas dos Espíritos – Metades Eternas
        • VIII – Lembranças da Existência Corpórea
        • IX – Comemorações dos Mortos – Funerais
      • Cap. 7 – RETORNO À VIDA CORPORAL
        • I – Prelúdio do Retorno
        • II – União da Alma com o Corpo
        • III – Faculdades Morais e Intelectuais
        • IV – Influência do Organismo
        • V – Idiotismo e Loucura
        • VI – Da Infância
        • VII – Simpatias e Antipatias Terrenas
        • VIII – Esquecimento do Passado
      • Cap. 8 – EMANCIPAÇÃO DA ALMA
        • I – O Sono E Os Sonhos
        • II – Visitas Espíritas Entre Vivos
        • III – Transmissão Oculta do Pensamento
        • IV – Letargia, Catalepsia, Morte Aparente
        • V – Sonambulismo
        • VI – Êxtase
        • VII – Dupla Vista
        • VIII – Resumo Teórico do Sonambulismo, do Êxtase e da Dupla Vista
      • Cap. 9 – INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPÓREO
        • I – Penetração No Nosso Pensamento Pelos Espíritos
        • II – Influência Oculta dos Espíritos Sobre os Nossos Pensamentos e as Nossas Ações
        • III – Possessos
        • IV – Convulsionários
        • V – Afeição dos Espíritos por Certas Pessoas
        • VI – Anjos da Guarda, Espíritos Protetores, Familiares ou Simpáticos
        • VII – Pressentimentos
        • VIII – Influência dos Espíritos sobre os Acontecimentos da Vida
        • IX – Ação dos Espíritos sobre os Fenômenos d Natureza
        • X – Os Espíritos Durante os Combates
        • XI – Dos Pactos
        • XII – Poder Oculto, Talismãs, Feiticeiros
        • XIII – Benção e Maldição
      • Cap. 10 – OCUPAÇÕES E MISSÕES DOS ESPÍRITOS
        • I – Ocupações e Missões dos Espíritos
      • Cap. 11 – OS TRÊS REINOS
        • I – Os Minerais e as Plantas
        • II – Os Animais e o Homem
        • III – Metempsicose
    • Livro III
      • Cap. 1 – A LEI DIVINA OU NATURAL
        • I – Caracteres da Lei Natural
        • II – Conhecimento da Lei Natural
        • III – O Bem e o Mal
        • IV – Divisão da Lei Natural
      • Cap. 2 – LEI DE ADORAÇÃO
        • I – Finalidade da Adoração
        • II – Adoração Exterior
        • III – Vida Contemplativa
        • IV – Da Prece
        • V – Politeísmo
        • VI – Sacrifícios
      • Cap. 3 – LEI DO TRABALHO
        • I – Necessidade do Trabalho
        • II – Limite do Trabalho – Repouso
      • Cap. 4 – LEI DA REPRODUÇÃO
        • I – População do Globo
        • II – Sucessão e Aperfeiçoamento ds Raças
        • III – Obstáculos à Reprodução
        • IV – Casamento e Celibato
        • V – Poligamia
      • Cap. 5 – LEI DE CONSERVAÇÃO
        • I – Instinto de Conservação
        • II – Meios de Conservação
        • III – Gozo dos Bens da Terra
        • IV – Necessário e Supérfluo
        • V – Privações Voluntárias – Mortificações
      • Cap. 6 – LEI DE DESTRUIÇÃO
        • I – Destruição Necessária e Destruição Abusiva
        • II – Flagelos Destruidores
        • III – Guerras
        • IV – Assassínio
        • V – Crueldade
        • VI – Duelo
        • VII – Pena de Morte
      • Cap. 7 – LEI DE SOCIEDADE
        • I – Necessidade da Vida Social
        • II – Vida de Isolamento – Voto de Silêncio
        • III – Laços de Família
      • Cap. 8 – LEI DO PROGRESSO
        • I – Estado Natural
        • II – Marcha do Progresso
        • III – Povos Degenerados
        • IV – Civilização
        • V – Progresso da Legislação Humana
        • VI – Influência do Espiritismo no Progresso
      • Cap. 9 – LEI DE IGUALDADE
        • I – Igualdade Natural
        • II – Desigualdade de Aptidões
        • III – Desigualdades Sociais
        • IV – Desigualdades das Riquezas
        • V – Provas da Riqueza e da Miséria
        • VI – Igualdade de Direitos do Homem e da Mulher
        • VII – Igualdade Perante o Túmulo
      • Cap. 10 – LEI DE LIBERDADE
        • I – Liberdade Natural
        • II – Escravidão
        • III – Liberdade de Pensamento
        • IV – Liberdade de Consciência
        • V – Livre Arbítrio
        • VI – Fatalidade
        • VII – Conhecimento do Futuro
        • VIII – Resumo Teórico do Móvel das Ações Humanas
      • Cap. 11 – LEI DE JUSTIÇA, AMOR E CARIDADE
        • I – Justiça e Direito Natural
        • II – Direito de Propriedade – Roubo
        • III – Caridade e Amor ao Próximo
        • IV – Amor Maternal e Filial
      • Cap. 12 – PERFEIÇÃO MORAL
        • I – As Virtudes e os Vícios
        • II – Das Paixões
        • III – Do Egoísmo
        • IV – Caracteres do Homem de Bem
        • V – Conhecimento de Si Mesmo
    • Livro IV
      • Cap. I – PENAS E GOZOS TERRENOS
        • I – Felicidade e Infelicidade Relativas
        • II – Perda de Entes Queridos
        • III – Decepções, Ingratidão, Quebra de Afeições
        • IV – Uniões Antipáticas
        • V – Preocupação com a Morte
        • VI – Desgosto Pela Vida – Suicídio
      • Cap. II – PENAS E GOZOS FUTUROS
        • I – O Nada – A Vida Futura
        • II – Intuição das Penas e dos Gozos Futuros
        • III – Intervenção de Deus nas Penas e Recompensas
        • IV – Natureza das Penas e Gozos Futuros
        • V – Penas Temporais
        • VI – Expiação e Arrependimento
        • VII – Duração das Penas Futuras
        • VIII – Ressurreição da Carne
        • IX – Paraíso, Inferno, Purgatório, Paraíso Perdido
    • Conclusão
  • Perguntas e Comentários

    Perguntas e comentários podem ser postados no site O Que Os Espíritos Dizem ou então a nossa página no Facebook: O Que Os Espíritos Dizem

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